quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Comunidade Quilombola dos Souza


Comunidade Quilombola dos Souza
Um paraíso a céu aberto de culturas – crença e tradição



            Situada no Sítio Vassourinha, a cerca de 12 km da sede do município de Porteiras, com um número de 80 famílias, temos a Comunidade Quilombola dos Souza, formada desde o ano de 1936 e reconhecida pela Fundação Cultural Palmares, desde o ano de 2005.   
            Deve-se ressaltar que todo trabalho para mapeamento e reconhecimento dessa comunidade remanescente de quilombos foi obra da Secretaria de Ação Social do Departamento de Cultura, dos Retratores da Memória do Município de Porteiras e do GRUNEC (Grupo de Valorização Negra do Cariri). Porém, foi através dos depoimentos, fruto da memória dos membros mais antigos dessa comunidade que se construiu o resgate da sua história. Foi, do papel dos mais velhos, (griôs) nas rodas de conversa em passar seus ensinamentos aos mais novos é que os costumes, as crenças e cultura vem se mantendo viva.
            Tal como foi reconhecida, essa gente ainda guarda consigo os traços de um cotidiano de culturas, crenças e tradições que lhes são peculiares e lhes remete a vivência de gente dos quilombos: a casa de taipa, alpendrada, o plantio em volta da casa, a criação de animais, como a cabra, o porco, as galinhas. Também conservam o moinho para moer o milho e fazer o pão na cuscuzeira, o fogão de lenha com chaminé, o café torrado no caco, o pilão para pilar, o pote de barro e o beiju de milho feito no tacho.
            Também tem em comum a crença mística nos santos, nas ervas, rezas e orixás; realizam manifestações culturais de modo coletivo como a dança do côco que é dançada por velhos, jovens e crianças, uma cultura que segundo eles é vivenciada há muitas décadas, desde o tempo dos quilombos.
            Devido ao preconceito racial presente na maioria dos membros dessa comunidade na época do mapeamento, onde muitos não se aceitavam como negros e também devido a falta de informação, o trabalho dos agentes sociais foi sendo dificultado, pois havia uma resistência dessas pessoas em aceitar que outras pessoas colhessem deles informações. Mas, tudo isso foi quebrado devido às políticas públicas como a igualdade racial trabalhada pelo município, entre muitas outras.
            Hoje, porém, tudo mudou a comunidade já conquistou muitas vitórias como: acesso à terra, água encanada e um Centro de Convivência onde são assistidos em saúde, educação e assistência social e cultural e programas do governo federal. E ainda são felizes e sentem orgulho de sua cor e participam das atividades e manifestações culturais tanto no município como em outras cidades.
            É bom saber que a nossa história tem a contribuição do negro e mais ainda que o preconceito social dessa gente, foi quebrado e que os mesmo reconhecem a sua verdadeira identidade sem medo de ser feliz.
            Não é difícil você encontrar, lá na comunidade, um descendente negro cantando esse sambinha da professora Socorro Linard: “Oi, oi, negro sô sim senhor / Minha raiz é de Angola / Mas um quilombola eu sou.”

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